segunda-feira, 29 de março de 2010

À memória de Elvive Pêssego (2009-2010)

Hoje de manhã, quando acabei de tomar banho, encontrei um papel no chão...

"Eu sabia que tinha os dias contados. Sabia que a minha despedida estava para muito breve, desde que os tinha ouvido no outro dia. Para além disso, sentia-me vazio, demasiado leve, como se fosse apenas um qualquer bocado de plástico. O Nívea Duche Crema di Framboeza, alto e gordo, disse-me para ter esperança, que já estava ali há muito tempo e que sabia bem do que falava. Mas eu sabia que ele era o aroma preferido da Teresinha. Ele nunca se poderia pôr na minha pele. Além disso, pareceu-me ter ouvido o João praguejar e dizer qualquer coisa como: "Mas pa qué questa gaja me comprou um champô com aroma de pêssego? Detesto pêssego, caraças!"
A esponja e o velho sabonete azul, sempre no seu cantinho, procuravam apoiar-me, diziam que eu não tinha razão para estar assim, que estava a imaginar coisas e que estava cada vez mais paranóico. A verdade é que eu tinha a certeza que o João me detestava porque me atirava sempre com força para junto do pessoal da higiene oral e deixava-me sempre com a tampa aberta e ao contrário. Mas o pessoal da banheira insistia em dizer que ia tudo correr bem e que a mãe do João ia acabar por se esquecer novamente de comprar um novo..."

sexta-feira, 12 de março de 2010

É difícil escrever em blogues porque o que eu faço não interessa às pessoas

Concedo. Um argumento com a sua validade. Só para terem uma ideia, eis o que fiz nos últimos 5 minutos:

21h12 À procura de blogues humorísticos para ler.
21h13 Li o título de um post.
21h14 Ri-me.
21h15 Li o post.
21h16 Achei o post vulgar.

O post chamava-se "Dias de Chuva".

sexta-feira, 5 de março de 2010

Dias de chuva

Os dias de chuva deixam-me pensativo.

Estive a explicar isto uma amiga, a quem vou chamar Wild Turkey. Não que eu queira esconder a sua identidade mas tenho medo que ela, ao ver uma referência minha à sua pessoa, se apaixone por mim.

A razão pela qual me deixam pensativo é que não tenho vontade de saír de casa o que, por sua vez, me dá vontade de utilizar o tempo para a reflexão e contemplação. Por isso, nos dias de chuva, vejo séries.

Nada há de mais maravilhoso do que ver uma série e pensar que nós poderíamos ser os protagonistas. Sim, poderia ser o Hank Moody e ter menos umas quantas mulheres por semana, ou podia ser o Dr. House, resolver uns quantos casos para depois me concentrar nas coisas importantes e atirar-me à Lisa Cuddy.

A Wild Turkey, enferma da assunção que estamos perante uma situação impraticável, quis ver uma série comigo. Foi um episódio de Friends em que elas usam decotes, por isso não me perguntem sobre o conteúdo. Mas provei o meu ponto de vista, foi um período de tempo altamente contemplativo e reflexivo.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

O Primeiro Dia

Quem é que nunca esteve pelo menos 1 hora à espera na loja do cidadão? Quem é que nunca chegou àquele restaurante "muito bom" e teve que ir ao restauarante "assim-assim, o empregado mergulha o polegar na sopa" porque já não havia mesa? Quem é que nunca teve vontade de ir à casa de banho mas teve que esperar uns bons 15 minutos porque estava lá aquele familiar incontinente? Estas questões e o futuro da humanidade são coisas que me preocupam e me fazem pensar. A vida seria bem mais fácil se isto não tivesse cheio daqueles seres mesquinhos, auto-proclamados de pessoas. Por exemplo, ontem no metro, "vinha a galar uma ganda loiraça" quando ela acaba o seu telefonema e se despede com um ternurento "eu também tiamo". Não é justo, aquela tipa já estava comprometida com um segurança de discoteca brasileiro qualquer e aquela frase fez me sentir mesmo solitário. Senão existissem tantos "Jociválteres", aquela gaúchinha ainda podia ser minha. E que fique bem claro que este não é um desabafo xenófobo, esta asfixiante falta de espaço aplica-se a tudo o que mexe. Por exemplo, neste preciso momento podia estar na sala a ver o "perfeito coração" mas está lá a minha mãe com os seus tentáculos a ocupar o sofá e a empanturrar-se em chocolates.

O que é que eu quis dizer com esta magnífica dissertação sobre a vida? Provavelmente nada, apenas tentei explicar o título e o propósito do blogue usando um pouco da minha filosofia barata. No entanto, está dado o mote para os próximos posts, que serão na sua maioria, pequenas pitadas literárias sobre os mais variados temas da vida e do seu desconcertante quotidiano. Vamos ver (eu e o meu amigo imaginário Jerry) como é que isto vai correr...